quarta-feira, 19 de setembro de 2012

CIDADANIA: UMA REFLEXÃO A SER FEITA

Em tempos de tantas incertezas no cenário mundial, o clamor pela cidadania parece urgir cada vez mais forte. Segundo uma definição clássica, cidadania é uma relação, não uma coisa que um possa ter e outro não.
Dentro desta identificação, chega-se à conclusão de que o exercício da cidadania é construído coletivamente, superando qualquer ação ou movimento que se reproduza isoladamente.
É evidente que tal construção é a soma de um pouco de cada um. No Brasil, em especial, a importância da cidadania ganha corpo com o fim do regime militar. Muitas conquistas sociais e civis, além dos direitos básicos de expressão, foram suprimidas com a adoção do regime autoritário. Muito se lutou para que o país se livrasse das amarras da arbitrariedade e da perseguição. O direito de escolher os seus representantes foi um enorme avanço democrático, fruto da intensa campanha das diretas já.
No entanto, esta luta parece que, para muitos brasileiros, foi em vão. Os sucessivos casos de corrupção, mal uso do dinheiro público, descaso com a população em períodos não eleitorais etc.., minaram a confiança da sociedade na maioria de seus representantes. Diante disso, uma expressiva parcela do eleitorado não tem nenhuma vontade de comparecer às urnas para eleger os seus representantes. Para se ter uma ideia da dimensão deste desinteresse, basta olhar para a última eleição majoritária ocorrida em 1998. Naquela ocasião, o então candidato Fernando Henrique Cardoso foi eleito no primeiro turno com pouco mais de 32 milhões de votos. Entretanto, entre votos em branco e nulo, houve pouco mais de 38 milhões, ou seja, ganharam do primeiro colocado em preferência do eleitorado.
Este exemplo serve para ilustrar que a construção da cidadania deve, ou pelo menos deveria começar pelos nossos governantes. Uma boa equipe começa por um bom líder. Assim deve ser uma nação. Porém, o ato de não comparecer às urnas ou votar em branco/nulo não contribui com este processo de construção. Apenas ajuda a reproduzir cada vez mais as incertezas em relação às mudanças tão necessárias.
Bem, este exemplo do processo eleitoral é apenas um ponto que envolve o direito à cidadania. Outros também se destacam neste movimento de edificação de valores. Em artigos anteriores, eu sempre coloquei a preservação ecológica como um dos mais nobres atos de cidadania. A questão ecológica é uma questão pura de sobrevivência das espécies vivas deste planeta, principalmente do ser humano. Fome, miséria, desemprego etc.. Poderiam ser resolvidos com um aproveitamento mais racional dos recursos naturais. É inadmissível em pleno século XXI ter pessoas morrendo de fome e sede com tantos recursos renováveis que poderiam ser melhor aproveitados.
 A cidadania só se faz com a constituição de uma relação social mais justa. Sem esta relação, qualquer movimento neste sentido é insustentável. Crises e mais crises se sucedem desde que o homem passou a entender o sentido do poder e da ganância, o sentido do status social, o sentido do “cada um por si e Deus por todos”. Na verdade,
 A cidadania parece mais uma utopia em um mundo onde desbancar inimigos é mais urgente do que investir em sua preservação ecológica e social, pelo menos enquanto este mundo ainda exista.
Paulo Rogério dos Santos Lima

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