NÃO CREIO NESSE DEUS
Não sei se és parvo se és
inteligente
— Ao desfrutares vida de nababo
Louvando um Deus, do qual te dizes crente,
Que te livre das garras do diabo
E te faça feliz eternamente.
— Ao desfrutares vida de nababo
Louvando um Deus, do qual te dizes crente,
Que te livre das garras do diabo
E te faça feliz eternamente.
II
Não vês que o teu
bem-estar faz d’outra gente
A dor, o sofrimento, a fome e a guerra?
E tu não queres p’ra ti o céu e a terra..
— Não te achas egoísta ou exigente?
A dor, o sofrimento, a fome e a guerra?
E tu não queres p’ra ti o céu e a terra..
— Não te achas egoísta ou exigente?
III
Não creio nesse Deus que,
na igreja,
Escuta, dos beatos, confissões;
Não posso crer num Deus que se maneja,
Em troca de promessas e orações,
Pra o homem conseguir o que deseja.
Escuta, dos beatos, confissões;
Não posso crer num Deus que se maneja,
Em troca de promessas e orações,
Pra o homem conseguir o que deseja.
IV
Se Deus quer que vivamos
irmãmente,
Quem cumpre esse dever por que receia
As iras do divino padre eterno?…
P’ra esses é o céu; porque o inferno
É p’ra quem vive a vida à custa alheia!
Quem cumpre esse dever por que receia
As iras do divino padre eterno?…
P’ra esses é o céu; porque o inferno
É p’ra quem vive a vida à custa alheia!
Por
António Aleixo, em “Este Livro que Vos Deixo…”.
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