EDITORIAL
Ousamos
tocar em um assunto, que entendemos ser oportuno, devido à transição de
Veneralato nas Lojas, em algumas Obediências. Tem sido notório, no seio das
Lojas, muitos Irmãos manifestarem seu total descontentamento com a rotina
improdutiva das sessões.
Calendários
quando existem demonstrando total falta de planejamento, principalmente, no que
se refere à parte cultural das sessões, refletindo uma forte tendência a nos
tornarmos “clube de serviços”, perdendo, de vez, nosso cunho iniciático.
Saudoso,
recordamo-nos, quando fomos recebidos nas fileiras maçônicas, de terem
encontrado irmãos valorosos, enciclopédias ambulantes, que, ao fazerem uso da
palavra, roubavam a atenção de olhares e ouvidos. Em breve oratória, enchiam o
ambiente de vasto saber, estimulando-nos à pesquisa e ao estudo, dando-nos
orgulho de pertencer à Loja e à Instituição, fazendo-nos contar os dias para a
próxima reunião semanal.
Palestra
em Loja virou cabeça de bacalhau. Até existe, mas alguém tem visto? Pois bem.
Já ouvimos comentários de Irmãos, repugnando quando se tem, para a Ordem do
Dia, uma palestra, o que, no seu entender, pode atrasar o ágape, e isso não é
bom! Claro que a confraternização, também, é importante, mas a chamada “Loja
Etílica”, aberta após a Sessão, regada a comilanças e bebedeiras e sem hora
para terminar, para os que ousamos classificar de “pseudoiniciados”, acaba por
ser bem mais importante.
Precisamos
rever nossos valores. A evasão de Irmãos na Ordem tem aumentado e o percentual
de presença nas sessões diminuído consideravelmente. Muitos candidatos, que
iniciam na Maçonaria, muitas vezes, trazem uma bagagem de conhecimentos,
adquiridos em outras Ordens Iniciáticas, e visam a complementá-los com o
aprendizado maçônico. Ao depararem com um total descomprometimento da Loja com
o estudo de sua doutrina, desestimulam-se e a abandonam, levando um conceito
errôneo do que é a Maçonaria, em sua essência.
Temos que
lembrar que somos, fundamentalmente, uma Escola de Iniciação: primar pelo
estudo de nossa doutrina é básico; colocá-la no teatro de nossas vidas é o que
se espera de um verdadeiro Iniciado. Ao estudarmos os ensinamentos dos Graus do
REAA, notamos quantos conhecimentos estão contidos nas instruções, nas lendas,
na ritualística. A cada Grau investido, juramos e comprometemos ser melhores.
Bastaria, apenas, a realização de tal prática para efetivamente, tornarmos
feliz a humanidade. Transformando-nos, a resposta do Ir Chanceler, dada ao Ven
Mestre no Grau de Aprendiz, deixa de ser uma utopia.
Muitos
dizem ser fundamental escolher bem os profanos para adentrarem nossa Ordem;
concordamos plenamente. Mas, quando temos, em Loja, uma maioria descomprometida
com os valores de nossa doutrina, o novo irmão, como falamos antes, ávido pelo
saber, acaba por abandoná-la decepcionado. Muito embora, a tendência seja o
perfil do candidato basear-se nos valores dessa maioria, sendo mais um a
engrossar as fileiras do “clubinho de serviços”, em que pretendem transformar
nossa Sacrossanta Instituição.
A
Maçonaria precisa se reeducar. Quando falamos a Maçonaria, estamos falando o
Maçom, pois a Maçonaria somos todos nós. Reeducarmo-nos como Irmãos, como
cidadãos, como iniciados. Precisamos nos despojar das vaidades, sem querer ser
Venerável, Grão-Mestre, ou ostentar qualquer cargo, cujo falso brilho da alfaia
nos é bem mais interessante do que a realização dos deveres inerentes.
Não
queremos, com isso, criticar a realidade de algumas Lojas (por sinal a grande
maioria) e, por consequência, da Potência/Obediência à qual esteja jurisdicionada,
e, sim, levar o leitor a uma profunda reflexão sobre como poderemos agir para
reverter esse quadro. Toda transformação deve ter início dentro de nós, para
que seus reflexos possam materializar-se em nossas ações e transformar o meio
em que vivemos.
Excepcionalmente,
não apresentaremos as matérias que compõem essa edição, pois, por seu conteúdo,
dispensam qualquer apresentação. Reflitam sobre cada tema e tirem a sua
verdade, assim, nossa Revista terá atingido seu principal objetivo!
Caros
Irmãos, leitores dessas linhas, que ocupam o espaço deste Editorial,
permitam-se pensar que nossa causa maçônica é nobre e a oportunidade de se
participar de uma Escola de Iniciação, muito mais ainda, por isso ser para
poucos. Atentem para a grande responsabilidade que lhes cabe como iniciados,
com seu aprimoramento espiritual. Posteriormente, escolham entre ser parte da
solução, ou parte do problema. Assim, no silêncio de suas consciências,
entenderão, nas entrelinhas, a resposta para quando perguntados: O que vindes
fazer aqui?
Até
sempre!
COLABORAÇÃO POR E-MAIL: SERGIO LUIZ LINCOL
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