sábado, 3 de maio de 2014

EDITORIAL
Ousamos tocar em um assunto, que entendemos ser oportuno, devido à transição de Veneralato nas Lojas, em algumas Obediências. Tem sido notório, no seio das Lojas, muitos Irmãos manifestarem seu total descontentamento com a rotina improdutiva das sessões.
Calendários quando existem demonstrando total falta de planejamento, principalmente, no que se refere à parte cultural das sessões, refletindo uma forte tendência a nos tornarmos “clube de serviços”, perdendo, de vez, nosso cunho iniciático.
Saudoso, recordamo-nos, quando fomos recebidos nas fileiras maçônicas, de terem encontrado irmãos valorosos, enciclopédias ambulantes, que, ao fazerem uso da palavra, roubavam a atenção de olhares e ouvidos. Em breve oratória, enchiam o ambiente de vasto saber, estimulando-nos à pesquisa e ao estudo, dando-nos orgulho de pertencer à Loja e à Instituição, fazendo-nos contar os dias para a próxima reunião semanal.
Palestra em Loja virou cabeça de bacalhau. Até existe, mas alguém tem visto? Pois bem. Já ouvimos comentários de Irmãos, repugnando quando se tem, para a Ordem do Dia, uma palestra, o que, no seu entender, pode atrasar o ágape, e isso não é bom! Claro que a confraternização, também, é importante, mas a chamada “Loja Etílica”, aberta após a Sessão, regada a comilanças e bebedeiras e sem hora para terminar, para os que ousamos classificar de “pseudoiniciados”, acaba por ser bem mais importante.
Precisamos rever nossos valores. A evasão de Irmãos na Ordem tem aumentado e o percentual de presença nas sessões diminuído consideravelmente. Muitos candidatos, que iniciam na Maçonaria, muitas vezes, trazem uma bagagem de conhecimentos, adquiridos em outras Ordens Iniciáticas, e visam a complementá-los com o aprendizado maçônico. Ao depararem com um total descomprometimento da Loja com o estudo de sua doutrina, desestimulam-se e a abandonam, levando um conceito errôneo do que é a Maçonaria, em sua essência.
Temos que lembrar que somos, fundamentalmente, uma Escola de Iniciação: primar pelo estudo de nossa doutrina é básico; colocá-la no teatro de nossas vidas é o que se espera de um verdadeiro Iniciado. Ao estudarmos os ensinamentos dos Graus do REAA, notamos quantos conhecimentos estão contidos nas instruções, nas lendas, na ritualística. A cada Grau investido, juramos e comprometemos ser melhores. Bastaria, apenas, a realização de tal prática para efetivamente, tornarmos feliz a humanidade. Transformando-nos, a resposta do Ir Chanceler, dada ao Ven Mestre no Grau de Aprendiz, deixa de ser uma utopia.
Muitos dizem ser fundamental escolher bem os profanos para adentrarem nossa Ordem; concordamos plenamente. Mas, quando temos, em Loja, uma maioria descomprometida com os valores de nossa doutrina, o novo irmão, como falamos antes, ávido pelo saber, acaba por abandoná-la decepcionado. Muito embora, a tendência seja o perfil do candidato basear-se nos valores dessa maioria, sendo mais um a engrossar as fileiras do “clubinho de serviços”, em que pretendem transformar nossa Sacrossanta Instituição.
A Maçonaria precisa se reeducar. Quando falamos a Maçonaria, estamos falando o Maçom, pois a Maçonaria somos todos nós. Reeducarmo-nos como Irmãos, como cidadãos, como iniciados. Precisamos nos despojar das vaidades, sem querer ser Venerável, Grão-Mestre, ou ostentar qualquer cargo, cujo falso brilho da alfaia nos é bem mais interessante do que a realização dos deveres inerentes.
Não queremos, com isso, criticar a realidade de algumas Lojas (por sinal a grande maioria) e, por consequência, da Potência/Obediência à qual esteja jurisdicionada, e, sim, levar o leitor a uma profunda reflexão sobre como poderemos agir para reverter esse quadro. Toda transformação deve ter início dentro de nós, para que seus reflexos possam materializar-se em nossas ações e transformar o meio em que vivemos.
Excepcionalmente, não apresentaremos as matérias que compõem essa edição, pois, por seu conteúdo, dispensam qualquer apresentação. Reflitam sobre cada tema e tirem a sua verdade, assim, nossa Revista terá atingido seu principal objetivo!
Caros Irmãos, leitores dessas linhas, que ocupam o espaço deste Editorial, permitam-se pensar que nossa causa maçônica é nobre e a oportunidade de se participar de uma Escola de Iniciação, muito mais ainda, por isso ser para poucos. Atentem para a grande responsabilidade que lhes cabe como iniciados, com seu aprimoramento espiritual. Posteriormente, escolham entre ser parte da solução, ou parte do problema. Assim, no silêncio de suas consciências, entenderão, nas entrelinhas, a resposta para quando perguntados: O que vindes fazer aqui?
Até sempre!

COLABORAÇÃO POR E-MAIL: SERGIO LUIZ LINCOL

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