A DEFICIL ARTE DE AJUDAR O PRÓXIMO
Desde criança aprendemos que devemos ajudar os outros. A sensação de
estar fazendo algo bom é prazerosa e toca nossos sentimentos. Mas, por que será
que nem sempre somos bem-sucedidos na ajuda que prestamos? Por que, apesar de
tentarmos fazer o melhor, somos rejeitados? Por que nosso esforço não é
reconhecido e algumas vezes até perdemos aquela grande amizade?
Quando isso acontece, talvez você pense. “As pessoas são ingratas, não reconhecem. O que
importa é fazer o bem sem esperar recompensa. Eu não ligo.”
É muito bonito colocar-se como uma pessoa modesta, bondosa,
desinteressada. No fundo, talvez sinta uma desagradável sensação de perda, uma
raiva inconfessável por não ter sido valorizada como esperava. Apesar disso, continua
ajudando porque esse é seu modo de ser.
Se você tem o propósito de auxiliar os outros, seria importante aprender
um pouco sobre essa difícil arte. É preciso distinguir se tal desejo vem do
amor que sente em seu coração ou se vem do que lhe ensinaram desde criança como
sendo uma obrigação, uma forma de mostrar aos outros que possui bons
princípios.
Um gesto espontâneo de amor, em que a alma é tocada, traz a intuição da
melhor maneira de agir e leva consigo energias tão benéficas que, mesmo não
resolvendo o problema (porque provavelmente isso depende de outros fatores),
acalma e atinge a alma do outro. E pode abrir as portas para que a saída
adequada apareça. Quando isso acontece, os laços da verdadeira amizade se
fortalecem. Essa é a ajuda real, efetiva, positiva, que traz bem-estar.
Entretanto, quando você não está sentindo nada, mas acha que tem de
ajudar, fazer alguma coisa porque é preciso, está apenas sendo carente,
expressando o receio de que, se não fizer nada para demonstrar sua boa vontade,
as pessoas vão rejeitá-la, julgando-a indiferente ou má.
Sem a inspiração necessária, tenta fazer alguma coisa e acaba se metendo
indevidamente na intimidade dos outros, pensando apenas em aliviar a própria
tensão, querendo justificar-se aparecendo como uma pessoa responsável,
cumpridora dos seus deveres para com o próximo.
A necessidade de ser aceita pelos outros revela o quanto está voltada
para fora de si. É como se tivesse uma platéia sempre do seu lado. Você se vigia constantemente, quando alguém está com
problemas, fica incomodada e então procura resolver aquilo do seu jeito. Sem
conhecer todos os lados da questão,faz o que pode na tentativa de livrar-se do
mal estar. Fica esperando que a pessoa a elogie por ter ajudado e, se isso não
ocorre, acusa de ingratidão.
Ajuda sem critério pode contribuir para agravar as partes fracas de cada
um. Se, por exemplo, a pessoa precisava de dinheiro e você o deu, será que isso
foi construtivo? Não teria talvez reforçado aquela costumeira falta de
responsabilidade dela?
Há outras que desabafam problemas de relacionamentos afetivo ou familiar
para se livrar de energias que as estão incomodando. Agora, se você se sente incomodada com isso a ponto
de fazer o papel de pombinha da paz, pode acabar se dando mal e arranjar inúmeros problemas.
Mesmo com pessoas da família, é preciso respeitar a maneira de ser de
cada um.Meter-se nos problemas dos outros, com a justificativa que de age por
amor, pode não apenas resolver com ainda criar desentendimentos que poderiam
ser evitados.
É preciso respeitar para ser respeitada, não invadindo a vida dos outros
sob nenhum pretexto e colocar-se com firmeza sempre que alguém tentar invadir
sua privacidade.
Claro que se alguém a procura com problemas, você pode ouvi-la. Saber
escutar é uma habilidade que poucos possuem. Às vezes basta isso para que a pessoa se
sinta melhor.
Caso ela lhe pergunte o que deve fazer, não caia na tentativa de dizer o
que faria. Se puder apresenta alternativas de solução, faça-o. Mas a escolha
deve ser somente dela. Não carregue um peso que não lhe pertence.
As pessoas cometem erros e, quando as coisas se complicam, querem que os
outros resolvam. Não entre nessa. Você não tem obrigação alguma de salvar
ninguém.
A verdadeira ajuda parte do coração. Se não sentir amor, diga não. O amor
sempre sabe o que fazer. Preste atenção ao que vai dentro de si: você saberá
quando ajudar.
por Zibia
Gasparetto
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