sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A DEFICIL ARTE DE AJUDAR O PRÓXIMO



Desde criança aprendemos que devemos ajudar os outros. A sensação de estar fazendo algo bom é prazerosa e toca nossos sentimentos. Mas, por que será que nem sempre somos bem-sucedidos na ajuda que prestamos? Por que, apesar de tentarmos fazer o melhor, somos rejeitados? Por que nosso esforço não é reconhecido e algumas vezes até perdemos aquela grande amizade?

Quando isso acontece, talvez você pense. “As pessoas são ingratas, não reconhecem. O que importa é fazer o bem sem esperar recompensa. Eu não ligo.”

É muito bonito colocar-se como uma pessoa modesta, bondosa, desinteressada. No fundo, talvez sinta uma desagradável sensação de perda, uma raiva inconfessável por não ter sido valorizada como esperava. Apesar disso, continua ajudando porque esse é seu modo de ser.

Se você tem o propósito de auxiliar os outros, seria importante aprender um pouco sobre essa difícil arte. É preciso distinguir se tal desejo vem do amor que sente em seu coração ou se vem do que lhe ensinaram desde criança como sendo uma obrigação, uma forma de mostrar aos outros que possui bons princípios.

Um gesto espontâneo de amor, em que a alma é tocada, traz a intuição da melhor maneira de agir e leva consigo energias tão benéficas que, mesmo não resolvendo o problema (porque provavelmente isso depende de outros fatores), acalma e atinge a alma do outro. E pode abrir as portas para que a saída adequada apareça. Quando isso acontece, os laços da verdadeira amizade se fortalecem. Essa é a ajuda real, efetiva, positiva, que traz bem-estar.

Entretanto, quando você não está sentindo nada, mas acha que tem de ajudar, fazer alguma coisa porque é preciso, está apenas sendo carente, expressando o receio de que, se não fizer nada para demonstrar sua boa vontade, as pessoas vão rejeitá-la, julgando-a indiferente ou má.

Sem a inspiração necessária, tenta fazer alguma coisa e acaba se metendo indevidamente na intimidade dos outros, pensando apenas em aliviar a própria tensão, querendo justificar-se aparecendo como uma pessoa responsável, cumpridora dos seus deveres para com o próximo.

A necessidade de ser aceita pelos outros revela o quanto está voltada para fora de si. É como se tivesse uma platéia sempre do seu lado. Você se vigia constantemente, quando alguém está com problemas, fica incomodada e então procura resolver aquilo do seu jeito. Sem conhecer todos os lados da questão,faz o que pode na tentativa de livrar-se do mal estar. Fica esperando que a pessoa a elogie por ter ajudado e, se isso não ocorre, acusa de ingratidão.

Ajuda sem critério pode contribuir para agravar as partes fracas de cada um. Se, por exemplo, a pessoa precisava de dinheiro e você o deu, será que isso foi construtivo? Não teria talvez reforçado aquela costumeira falta de responsabilidade dela?
Há outras que desabafam problemas de relacionamentos afetivo ou familiar para se livrar de energias que as estão incomodando. Agora, se você se sente incomodada com isso a ponto de fazer o papel de pombinha da paz, pode acabar se dando mal e arranjar inúmeros problemas.

Mesmo com pessoas da família, é preciso respeitar a maneira de ser de cada um.Meter-se nos problemas dos outros, com a justificativa que de age por amor, pode não apenas resolver com ainda criar desentendimentos que poderiam ser evitados.
É preciso respeitar para ser respeitada, não invadindo a vida dos outros sob nenhum pretexto e colocar-se com firmeza sempre que alguém tentar invadir sua privacidade.
Claro que se alguém a procura com problemas, você pode ouvi-la. Saber escutar é uma habilidade que poucos possuem. Às vezes basta isso para que a pessoa se sinta melhor.

Caso ela lhe pergunte o que deve fazer, não caia na tentativa de dizer o que faria. Se puder apresenta alternativas de solução, faça-o. Mas a escolha deve ser somente dela. Não carregue um peso que não lhe pertence.
As pessoas cometem erros e, quando as coisas se complicam, querem que os outros resolvam. Não entre nessa. Você não tem obrigação alguma de salvar ninguém.
A verdadeira ajuda parte do coração. Se não sentir amor, diga não. O amor sempre sabe o que fazer. Preste atenção ao que vai dentro de si: você saberá quando ajudar.


por Zibia Gasparetto

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