JAMAIS UMA SEGUNDA
CHANCE
Insistiremos até o dia em que nos faltar saúde ou faltarem computadores:
é preciso mudar as leis penais. Estabelecer prisão perpétua, sem benefícios ou regalias de qualquer espécie
para autores de crimes hediondos. Senão em jaulas, que seriam facilmente
abertas, celas de absoluto isolamento para os que sequestram, estupram,
torturam e matam em ritmo cada vez maior em todo o território nacional.
Ainda agora foi uma professora, em Brasília, sequestrada no
estacionamento de um centro comercial, conduzida em seu próprio veículo para um
parque e lá estrangulada. Tinha acabado de comprar ovos de Páscoa para os dois
filhos pequenos.
Fazer o que com um degenerado desses? Claro que submetê-lo a julgamento
rápido, sem as firulas jurídicas injustificáveis até para autores de crimes
menores e aprisioná-lo para o resto da vida. Obrigá-lo a trabalhar para pagar
as refeições oferecidas pelo poder público e deixá-lo isolado da sociedade.
Fosse na China e já teria recebido sua bala na nuca. Aqui, pelo menos deveria
estar confinado para sempre.
A finalidade da pena, discute-se faz tempo, seria preservar o futuro ou
reparar o passado? Tanto faz, desde que cumprida com exatidão.
Em nome dos direitos humanos, logo esse monstro estará em liberdade. Cumprirá
um sexto dos anos de reclusão a que tiver sido sentenciado, se antes não o
agraciarem com outros recursos.
Retornará ao convívio social, certamente para reincidir, como acontece
com a maioria dos criminosos beneficiados pela lei, ou se para vangloriar-se da
fama negativa a que fez jus.
Cabe não apenas ao Congresso mudar os Códigos Penal e de Processo Penal.
Judiciário e Executivo também carregam toneladas de responsabilidade pela
insegurança que nos atinge. Se quiserem, também as organizações da sociedade
civil.
Educar é a solução, generalizou-se no país, e realmente é. Servirá, o
aprimoramento do ensino, para uma comunidade crescer melhor e não ser levada ao
crime pelo estado de necessidade. Mas certas práticas inumanas transcendem a
injustiça social. Não merecem o benefício da dúvida da recuperação. Já foram
cometidas.
O único perdão devido a seus praticantes deve ser o dom da vida. Pouco
importa se vão arrepender-se ou recuperar-se. Perderam esses direitos junto aos
semelhantes. Poderão ir para o paraíso ou para as profundezas, ao morrer, se
acreditarem em outra existência. Nesta, porém, importa cortar-lhes qualquer
oportunidade. Jamais se lhes poderá oferecer uma segunda chance.
por Carlos Chagas
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