OS SETE
PECADOS CAPITAIS
Numa sociedade de consumo e abundância, a gula nem merecia ser pecado, muito menos capital.
Porque provoca obesidade, colesterol alto e artérias entupidas. Não precisa de
absolvição, só de dieta, exercício ou redução de estômago. Mas se for gula
metafórica, como a de Wall Street, aí sim, é um legítimo pecado capital. Como a
gula dos políticos por verbas.
A ira, a menos que usada profissionalmente por
lutadores do UFC, pode provocar reações violentas de suas vítimas, e infartos,
derrames e apoplexias fatais no irado. Alem de pecado, leva à perda da razão e
dos argumentos, impedindo a solução racional dos problemas.
A preguiça, a não ser associada ao roubo (que é pecado
contra outro mandamento) ou ao gênio de Dorival Caymmi, é garantia de fracasso
em qualquer atividade humana, inclusive a sexual.
O orgulho e a vaidade, no fundo, e na superfície, são o mesmo
pecado, que hoje é chamado de narcisismo, atitude, excesso de autoestima. Numa
sociedade que cultua a competitividade, o exibicionismo e a aparência física, é
requisito social e profissional, pecado praticamente obrigatório.
A inveja, todo mundo sabe, é uma merda. Mas nem
sempre: às vezes é o impulso para grandes conquistas de gente invejosa, mas
talentosa, trabalhadora e determinada. Invejosos burros, vagabundos e
incompetentes mascam suas frustrações como chicletes.
Como falar em avareza numa sociedade de consumo movida a juros? Mas
a avareza de sentimentos, a indiferença, o cinismo, a intolerância, está
liberada.
Pecado da carne, do desejo e do prazer, a luxúria segue movendo a vida. Para o bem e para o mal.
Só que no homem é chamada de virilidade e na mulher de piranhice.
Os pecadores não precisam temer o castigo divino. Já vem incluído no
pacote.
Autor: Nelson Motta
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