domingo, 3 de agosto de 2014

OS SETE PECADOS CAPITAIS


Numa sociedade de consumo e abundância, a gula nem merecia ser pecado, muito menos capital. Porque provoca obesidade, colesterol alto e artérias entupidas. Não precisa de absolvição, só de dieta, exercício ou redução de estômago. Mas se for gula metafórica, como a de Wall Street, aí sim, é um legítimo pecado capital. Como a gula dos políticos por verbas.

A ira, a menos que usada profissionalmente por lutadores do UFC, pode provocar reações violentas de suas vítimas, e infartos, derrames e apoplexias fatais no irado. Alem de pecado, leva à perda da razão e dos argumentos, impedindo a solução racional dos problemas.

A preguiça, a não ser associada ao roubo (que é pecado contra outro mandamento) ou ao gênio de Dorival Caymmi, é garantia de fracasso em qualquer atividade humana, inclusive a sexual.

O orgulho e a vaidade, no fundo, e na superfície, são o mesmo pecado, que hoje é chamado de narcisismo, atitude, excesso de autoestima. Numa sociedade que cultua a competitividade, o exibicionismo e a aparência física, é requisito social e profissional, pecado praticamente obrigatório.

A inveja, todo mundo sabe, é uma merda. Mas nem sempre: às vezes é o impulso para grandes conquistas de gente invejosa, mas talentosa, trabalhadora e determinada. Invejosos burros, vagabundos e incompetentes mascam suas frustrações como chicletes.

Como falar em avareza numa sociedade de consumo movida a juros? Mas a avareza de sentimentos, a indiferença, o cinismo, a intolerância, está liberada.

Pecado da carne, do desejo e do prazer, a luxúria segue movendo a vida. Para o bem e para o mal. Só que no homem é chamada de virilidade e na mulher de piranhice.
Os pecadores não precisam temer o castigo divino. Já vem incluído no pacote.

Autor: Nelson Motta

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