segunda-feira, 27 de agosto de 2012

BREGA SIM

Sim, o Brasil é um dos países mais bregas do mundo. Para o bem e para o mal.

   Vários autores já discorreram sobre a mistura de raças e gentes que aqui aportou e ajudou a compor um caldeirão fervilhante e saboroso. Aqui tudo se digeriu – e se digere.

Hábitos, comidas, dizeres, modos de pensar e de agir. O movimento antropofágico de 1922 não poderia ter nascido em outro lugar... E esse processo de digestão de tantos ingredientes diferentes, embora tenha efeitos indigestos (o tal jeitinho, o “você sabe com quem está falando?”, a lei de Gérson que justifica muitos descalabros, a corrupção, a passividade política, o pensamento imediatista, o preconceito velado e escondido sob a camada do “homem cordial”...), saiu muito interessante.

Infelizmente não conheço outros países, mas acredito que poucos lugares do mundo devem ter um povo tão hospitaleiro e receptivo como o brasileiro que, de resto, é único. Temos nossos defeitos, é claro. E particularidades que mudam, como o sotaque, de região para região e mesmo de cidade para cidade. Mas somos uma mistura singular, agregando simpatia, disponibilidade e um grande senso de humor.

    O povo brasileiro merece tudo de bom. Merece crescer, evoluir, educar-se. Para tanto, faz-se necessária uma grande renovação em nossa classe política, com gente séria e comprometida que não nos veja lá de cima como estatística de ministério ou fonte de arrecadação tributária.

 Gente que goste mais de gente e menos de números. Porque papel aceita tudo, números são calados, mas gente é diferente. Precisamos de uma classe política que tenha projetos de governo e não projetos de poder, que trate com carinho o patrimônio público e não saia privatizando a preço vil para favorecer seus amiguinhos, que invista de verdade em educação e na evolução e independência das pessoas, e não pense que ajudas paliativas devem se eternizar em nome de interesses eleitoreiros. Está mais do que na hora, a fim de nos tornarmos, como indivíduos e como nação, verdadeiramente independentes. 
JULIANA SHIRLEY

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